segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

MOSTRA DE NOVUNQUE DE BEGONYA POZO

Fora soam
campãs nunca ouvidas.
É a música

toda tua para além
das muralhas suspendidas.


*  *  *


O serão ferve:
acolhe mãos prontas
ao sacrifício.

Depois da longa noite
vence lento o baldeiro.


*  *  *


O usual nicho
que aperta sempre os ossos
e as cinzas.

Cada vez há menos
espaço para morrer.


*  *  *

Como as gotas
na varanda deserta,
assim também tu

ligeira e pequena
quebras contra ele.


*  *  *


A tua voz
africana colhe-me
pela mão. Havia

tanto tempo que não sentia
a terra aquí a latejar.


*  *  *


Tenríssimo
este corpo pregado
ao desejo.

E ainda está ali
a 'te perguntar: até quando?


*  *  *


De arriba abaixo quitas
as calças, lenta,
con cerimónia.

Ficas despida debaixo
dos ossos crocantes.

© Texto: Begonya Pozo
© Tradução: Xavier Frias Conde

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